QUAL O CAMINHO DA FELICIDADE?

Onde está a felicidade? Essa pergunta parece ser simples, mas ao mesmo tempo tem uma profundidade sem tamanho. Afinal, as origens desse sentimento são extremamente individuais. Não há receita única para ser feliz assim como não há um remédio que acabe de vez com a infelicidade ou as frustrações.

Segundo o poeta Fernando Pessoa: “Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É saber falar de si mesmo. É não ter medo dos próprios sentimentos”. Nos seus versos, ele considera necessária a inquietação na busca pela felicidade. “Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.”

Essa busca incessante do homem é o tema do filme Onde está a felicidade? (2011) dirigido por Carlos Alberto Ricceli. Com bom humor, o filme discute assuntos contemporâneos e promove uma reflexão sobre fidelidade, internet, drogas, preconceito e a (tão procurada) felicidade.

No filme, Bruna Lombardi interpreta a chefe de cozinha Teodora que  apresenta o programa A Receita do Amor. Todavia, ela nunca soube a receita para a felicidade conjugal e profissional. Então, após várias desilusões, ela larga tudo para repensar sua vida e buscar uma transformação espiritual. 

Junto do amigo Zeca (Marcello Airoldi) e a espanhola Milena (Marta Larralde), Teodora deixa a rotina caótica de São Paulo e segue uma peregrinação pelo Caminho de Santiago de Compostela (Espanha). Na procura pela felicidade, os três se vêem diante do cenário ideal para aventuras, encontros e reencontros.

Algumas Observações

Desde a propaganda ao The End, o filme me lembrou muito o escritor brasileiro Paulo Coelho. Não só por ele ter percorrido o Caminho de Santiago e retratado no livro Diário de um Mago. Mas, também, porque o enredo me remeteu a história do livro “O Alquimista”. O personagem principal mergulha numa longa viagem em busca de um tesouro que nunca esteve distante. 

Assim, com ares de autoajuda, o filme nos conduz a uma longa caminhada reflexiva... Tão longa que em certos momentos beira o marasmo e chega a cansar o telespectador. Não há grandes emoções e, assim, tem uma grande caminhada sem reviravoltas. Somos guiados pelos três personagens que não se evoluem espiritualmente no decorrer da peregrinação.

Destaco a atuação de Bruna Lombardi como uma apresentadora canastrona e desmotivada. Ela Ficou perfeita no papel! A personagem nos faz lembrar inúmeras pessoas frustradas do nosso cotidiano. Então, por ter criado um vínculo pessoal, desejei lhe um final bem ao estilo Pedro Almodovar. Na minha mente, ela romperia com os paradigmas sociais para terminar bem acompanhada nos tonéis de vinho.

Segundo Amanda Auoda, no site Cine Pipoca Cult, em muitos momentos o filme lembra as obras de Almodovar: “As cores exageradamente vibrantes, as roupas, a estética quase brega, o tom irônico de uma mulher de salto alto, sombrinha e várias sacolas andando pelo caminho onde só passam peregrinos de tênis e mochila de acampamento, entre outros detalhes como o próprio cenário do programa “Receita do amor””.

Pode até ser que a semelhança no figurino, cenário e as cores tenha sido uma homenagem ao diretor espanhol. Afinal, trata-se de uma parceria entre as duas nações. Contudo, as comparações param por aí. Esse filme não tem a densidade dramática e nem o suspense sublimemente conduzido por Almodovar.

O filme tem um tom de comédia pastelão digno dos filmes da Turma do Didi. Aliás, só faltou o Didi, já que até o casal MTV Marcelo Adnet e Dani Calabreza fazem uma participação especial. Conforme o repórter Marco Vilarinho, do jornal O Dia: “com um bom ritmo e divertido, nos faz esquecer os problemas por cento e dez minutos”. Assim, a história segue o curso previsível e a busca pela felicidade é retratada de uma forma “simpática”.  Parece simples, não?

http://www.portalodia.com/noticias/art-gente/onde-esta-a-felicidade-e-o-filme-do-o-dia-recorte-o-selo-e-assista-1-118749.html

http://www.cinepipocacult.com.br/2011/08/onde-esta-felicidade.html