sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A HISTÓRIA DAS COISAS: DOCUMENTÁRIO x COMERCIAL!



O documentário “A História das Coisas” é uma obra contra-ideologia. Almeja atingir a base do consumo. Denomina-o como degradação do mundo. A ataca o consumismo em uma crítica direta ao capitalismo. Expõe um planeta finito que terá os recursos naturais devastados pelo homem consumidor.
Produção 

A produção é simples e não utiliza muitos recursos. Existe uma única câmera em posição fixa. Não há grandes variações de planos. Em primeiro plano há uma mulher com retórica apropriada e agradável. Desenhos em plano de fundo ilustram a narração. O formato pode parecer ingênuo, mas tenta inserir um ideal de vida simples. 

O material não tem grande divulgação na mídia de massa. Entretanto, ganhou o mundo pela janela da internet. Com “a onda” do ecologicamente correto tem cada vez mais divulgações e adeptos.

“As Coisas”

Os produtos se originam num ciclo viciante de destruição. A extração da matéria prima fomenta o desmatamento despreocupado e a poluição crescente do planeta. No processo de industrialização, as diversas reações químicas liberam gazes tóxicos e nocivos a quem produz e consome. O produto final passa pela venda massificada: dura pouco e acaba jogado fora. Na maioria das vezes o lixo é incinerado, liberando mais gazes tóxicos ao ar que respiramos.

Anticonsumo

O documentário tenta criar a ideia do anticonsumo. Totalmente apocalíptico estimula a “consciência do politicamente correto”. As evoluções tecnológicas tornam as “coisas” cada vez mais “descartáveis”. Nada é “durável”, justamente para promover a compra constante.  

No processo de produção “das coisas” quem ganha são os conglomerados do poder. Paga-se um preço injusto pelos produtos. Mas o alto custo não reembolsa a matéria prima utilizada.

O vídeo tenta sensibilizar o nosso consumismo e individualismo. Relata a pouca preocupação com a família ou amigos na ascensão obsessiva por compras.

A NOVA MARCA DO WALMART

Podemos comparar e analisar esse vídeo com uma propagando publicitária. Assim, identificaremos como as mensagens se comunicam e interagem. Como exemplo, utilizaremos um comercial do Walmart (2009).

Essa empresa norte-americana possui uma franquia de hipermercados espalhadas por todo planeta. Dessecando a mensagem, podemos identificar um contra-ataque ao ataque outro vídeo.

Como em um diálogo, a propaganda entra em cena para se defender e responder as acusações. Desmente a ideia de que o consumo destrói a vida das pessoas e o mundo.

Auto Defesa

O vídeo publicitário dura apenas 30 segundos, contrapondo a enxurrada de  informações do documentário. Apesar de ser sutil e ter simples informações, o visual nos remete a ideia de algo muito bem elaborado.

A propaganda rápida e dinâmica nega a teoria dos anti-consumistas.  Nela, a empresa afirma ter uma preocupação com o meio ambiente e a felicidade dos clientes. Há alusão de que quem compra nesse hipermercado é feliz e vive bem com a família e os amigos.

As Origens

Em breves segundos conhecemos um pouco da origem do estabelecimento e criamos identificação com o dono da empresa. O comercial narra à história de vida do fundador. Ele era a imagem de qualquer pessoa comum.

Um homem humilde progrediu lutando em prol de outros semelhantes. A sua maior ambição era que todos realizassem seus sonhos (de consumo).  Como vendedor conhecia o desejo do público. Então, deduzimos que eles (criador fundido a sua criação) sempre souberam qual eram os melhores produtos e os preços “mais justos” para promover qualidade de vida simples. 

Investimento

Todavia, de simples o comercial não tem nada e vemos uma super produção. Existem vários cortes de câmeras, inúmeros ângulos, personagens (atores), produtos e o consumo. Há uma excelente edição de imagens e o uso de jingles. Torna-se uma “coisa” bela de se ver. O tipo de “coisas” que acabam criando uma necessidade e seduzindo o expectador. Então, entendemos que não houve escassez de recursos e investimentos nessa produção visando atrair clientes.

Divulgação

Os cifrões são ainda mais incalculáveis quando começamos a pensar na divulgação do material. O vídeo foi espalhado por toda mídia televisiva. Patrocinou e comprou horários dos programas mais importantes da tevê brasileira e mundial. Assim, tornou-se mais acessível às pessoas, pregando a ideologia na qual o super-herói é quem consome.

COMUNICAÇÃO COMPARADA

Ao analisarmos de forma crítica os dois vídeos, percebemos claramente a existência de um confronto. Tanto o documentário veiculado na internet para grupos específicos (com acesso a rede), quanto o filme publicitário do hipermercado Wallmart conversam entre si.

Nesse diálogo distinguimos as posições contrárias: diferença nas idéias, na produção e no público a ser atingido. O primeiro vídeo é voltado para um público fechado e mais específico. Atinge a pequena parcela da população preocupada com o futuro do Planeta Terra. Já o outro vídeo é transmitido pela TV atingindo a grande massa consumidora.

Um comentário:

  1. Os conglomerados se constituem pelas necessidades de mercado, onde as empresas num universo de intensa competição, para expandirem sua área de atuação e obterem maiores lucros por um menor custo, tentam se redimirem pela ideologia chamada "sustentabilidade"...

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