UM SONHO POSSÍVEL!

O filme Um Sonho Possível (The Blind Side), inspirado em uma história real, narra a história de Big Mike, um menino negro que teria tudo para se transformar num anti-herói norte americano.  A falta de oportunidade faz desse menino o retrato de tantos outros ao redor do mundo. Ele poderia ser só mais um alguém marginalizado: filho de mãe viciada em drogas, morador das ruas e considerado um caso perdido para sociedade.

Numa noite fria, Mike vaga pelas ruas, enquanto todos passam no conforto dos carros seguindo para os lares aquecidos e fingindo não vê-lo. Então, Leigth Anne Tuohy, uma mãe de família se comove com a situação do grande menino solitário e lhe oferece uma noite no calor de sua casa. Aquilo que era para ser uma estadia breve, ganha um vincula maior: o menino ganha um lar e a família mais um membro.

CONTO DE SUPERAÇÃO

No início, Big Mike não era de muitas palavras e não demonstrava grandes reações na interação com outras pessoas. O personagem é um adolescente traumatizado e praticamente inexpressivo.  Contudo, na medida em que ele vai desenvolvendo laços afetivos com a nova família, sua carga comunicativa também é desenvolvida.

A história que tende a superação desse menino já é um tanto batida e clichê no cinema. Portanto, não é de se estranhar que logo no começo já se consiga imaginar algo de incrível para mudar a vida dele. Assim como na história da Gata Borralheira e Cinderela, surge alguém para rebata-lo para outro plano com os seus poderes mágicos.

Nesse caso, a sininho é apenas um ser humano com muito de humanidade. Não tem o pó mágico de pirlimpimpim, mas tem um bom coração e uma boa situação financeira. Quer poder maior que isso? A fada madrinha é interpretada por Sandra Bullock que consegue nos comover em cena. Mais loira do que nunca, ela se superou no papel e até abocanhou o oscar de melhor atriz (em 2010).

Diferente das heroínas românticas dos filmes habituais, ela interpreta uma mulher de classe média alta, esposa e mãe da adolescente Collins e do pequeno JS. Apesar de um primeiro estranhamento com o novo morador, a família toda acaba se afeiçoando e evoluindo. Se antes a refeição, era diante da televisão, aderem ao ato de sentar-se a mesa: promovendo uma união da família.

ESPORTE

O lado cego, tradução do nome em inglês The Blind Side, faz referência ao jogador de futebol americano (modalidade em que é jogado com bola oval e com as mãos) que normalmente não fica no foco central. Todavia, acaba sendo um dos personagens mais importantes por garantir às defesas do time contra as investidas dos adversários.

Assim, o gigante e protetor Mike torna-se um exímio jogador e defensor do time. O esporte  surge como um instrumento maior de inteiração dele com o mundo. Junto com o pequeno fiel escudeiro JS, ele começa a treinar firme para se destacar no time da escola. Apesar de aparentemente violento, o jogo envolve estratégia, companheirismo e proteção mútua. 

Estimulado pelo esporte e alicerçado nos pilares de uma família bem estruturada e amorosa, ele alavanca-se da situação degradante, melhora  as notas ruins e se transforma num fenômeno. O esporte promove um estímulo para um destino promissor. Ele acaba disputado pelas maiores universidades norte-americanas.

NO BRASIL

Aqui no Brasil, também existem inúmeros Big Boys (grandes meninos) que buscam a superação por meio do futebol tradicional (jogado com os pés). Inspirado nos grandes ídolos como Pelé, Garrincha, Ronaldo, Neimar, etc, os meninos buscam vencer na vida. O esporte torna-se a grande oportunidade para ajudar para sair do estado de pobreza e ajudar as famílias humildes.

Contudo, não podemos descartar o fato de poucos desses meninos conseguirem se transformar em grandes astros com salários milionários. Há inúmeras peneiras que selecionam os melhores meninos para os grandes times (assim como o programa Menino de Ouro do SBT que busca um futuro craque). Mas a maioria dos meninos sonhadores é descartada e voltam para a rotina da falta de oportunidade.

Os que conseguem ganhar a vida como esportistas tornam-se verdadeiras máquinas nos gramados. Todavia, não existe um incentivo maior com um treinamento para vida. Diferente dos Estados Unidos onde os fenômenos do esporte ganham bolsas de estudo nas melhores universidades, aqui o jovem jogador é largado à própria sorte.

Sem uma instrução, o menino vive o momento efêmero alucinado pelo glamour da fama. Normalmente, faz filhos e mais filhos que o transformaram num futuro endividado e pagador de pensões milionárias. Por fim, é claro que existem as exceções, mas a maioria acaba a carreira no esporte sem ter tido uma grande evolução na vida, voltando à situação inicial.