sábado, 22 de março de 2014

INEVITÁVEL COMPARAÇÃO ENTRE TEXTOS, HISTÓRIAS E AUTORES!


Romeu e Julieta de Shakespeare é comparado com Tristão e Isolda. O Primo Basílio de Eça de Queiroz com Madame Bovary de Flaubert. O conto O enfermeiro de Machado de Assis é comparado com o Coração Denunciador de Edgard Allan Poe. Nem por isso estes autores são menores e deixaram de imortalizar a literatura com obras como Hamlet, Macbeth, A Megera Domada, Rei Liar (Shakespeare), O Crime do Padre Amaro, Os Maias (Eça de Queiroz), Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis).

A comparação de estilos e textos é inevitável e a semelhança entre as histórias também porque tudo que somos e pensamos é com base no que aprendemos e vivenciamos com os outros.  Afinal, quando nascemos neste mundo, a escrita já  existia,  as palavras  já tinham sido convencionalizadas e  nomeavam objetos, pessoas, sentimentos, ações, etc. Portanto, a descrição de nossas ações e pensamentos desde a concepção até a hora de nossa morte estão pré-moldados por uma convenção de signos regido por significantes e significados (Saussere).

Tudo o que escrevemos e fazemos é na realidade uma ficção. O amor, a amizade, concepções de valores, ética e moral tem origem nas leituras e situações já vivenciadas.  Tudo é cópia apesar disso deixar indignado o mais ignorante e capitalista autor que procura minuciosos detalhes para se sentir lesado. Não quer dizer que é ético ou certo sair copiando e imitando descaradamente,  mas se pararmos para analisar, tudo é uma referencia. Tudo que somos e adquirimos como bagagem no decorrer da vida faz parte da composição do que vamos fazer e provavelmente poderemos escrever.

Certa vez, uma sábia professora de literatura me disse que somos apaixonados pela paixão dos outros. Assim, inconscientemente podemos nos aproximar da tessitura textual dos grandes ícones e ídolos literários. Porém, se a comparação dos textos é chata, estigmatiza e incomoda, pode ser feito um aperfeiçoamento. Envolve um trabalho de pesquisa, desenvolver outros caminhos e técnicas não utilizados por determinado autor (alvo de comparação), aperfeiçoando um perfil próprio e uma autoria mais singular na arte de escrever.

Todavia, isso também poderá ser comparado com outros escritores. Comparar e encontrar traços de diversos autores e fontes em um único autor também é um trabalho literário e uma arte.  Encontrar estes resquícios envolve pesquisa e mostra quanto e como é rica a bagagem de um escritor. Afinal, um escritor que consegue utilizar signos de grandes mestres  e navega entre a história da literatura para construir a própria obra é para ser louvado e apreciado.


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