domingo, 30 de março de 2014

EXPOSIÇÃO DA REALIDADE


A intimidade das pessoas está cada vez mais exposta para os olhos do mundo. Muitos se exibem pelo simples desprendimento de se exibir e se sentirem vigiados. Alguns sentem a necessidade de serem observados e de existir diante das câmeras. A inúmera quantidade de fotos e vídeos de anônimos ou famosos na internet comprova que o direito a privacidade nunca esteve tão ameaçado.

Todavia, as questões que envolvem o ato de se mostrar e de espiar são repletas de polêmicas, ética, ou a falta dela. Somos cercados por câmeras como se vivêssemos num reality show. A todo o momento se prolifera aplicativos, sites e blogs especializados em captar momentos inapropriados das pessoas para expô-las ao ridículo. Imagens são roubadas do cotidiano com intuito de tirar proveito. Assim, o simples ato de colocar o dedo no nariz despercebidamente pode se tornar um hit da internet. 

Com as inovações tecnológicas e novas mídias borbulhando, ninguém está seguro e isento de ser o bobo da vez no trabalho, na escola ou na rede de amigos. A graça, zombaria e insanidade pela trollagem desumanizam as pessoas a ponto de transformarem as outras em piada pelas costas.  O que pode ser visto apenas como uma brincadeira, ganha proporções maiores quando o ato não tem graça para a vítima.


INVASÃO DE PRIVACIDADE



Na cidade de Araraquara guardas utilizavam câmeras das ruas  para capturar imagens intimas de mulheres. Assim, ferramentas que deveriam ser utilizadas contra o crime e para proteção da população, serviam para saciar os desejos mais íntimos de homens para focalizar partes intimas femininas. A falta de comprometimento trouxe indignação na população e fez 12 guardas serem suspensos.



Isto mostra a necessidade de discutir politicas que regularizem e penalizem situações de registro de imagens indevidas. Inclusive o assunto deve ser abordado e incorporado dentro das empresas, escolas e universidades.  Afinal, a liberdade de expressão deve levar em conta que cada um tem o direito de ter a privacidade e a imagem resguardada de situações vexatórias. Por isso,  absurdos e situações extremas devem ser questionadas para regulamentação de regras e leis.

Atualmente, as câmeras de segurança são necessárias para a proteção da população. Tanto que inúmeros crimes são solucionados por meio desses registros. Contudo, a necessidade de proteção não pode ser aliada para crimes e roubo de imagens indiscretas. As câmeras de segurança não podem ser fonte de voyeurismo para pessoas insaciadas por imagens. 

Questões políticas e filosóficas que envolvem a democracia são dignas de pauta. A democracia e liberdade precisam estar à necessidade de todos, incluindo quem não quer ser exposto. Leis frágeis e pensamentos confusos sobre o tema  criam uma confusão e banalização do que vem a ser liberdade e democracia. Liberdade e democracia também deveriam ser subsidiadas por limites de não interferir naquilo que deveria ser opção de escolha do próximo: opção de não ser exposto e ter a intimidade resguardada.

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