domingo, 13 de setembro de 2015

O HERÓI SEM CARÁTER!

Aprendemos na escola e nos atos patrióticos do dia 7 de setembro que esta é a data mais importante no calendário nacional. Diante disso, torna-se consenso que Dom Pedro I é um dos maiores heróis brasileiros. Aclamado por ser protagonista no episódio da Independência do Brasil (1822), preenche no imaginário popular a ideia de um homem imponente, viril e sábio. O imortal que ergue a espada às margens do riacho do Ipiranga e liberta a colônia dos algozes portugueses.

Este fato foi mais que o suficiente. Criava um apelo midiático que atendesse a necessidade de um herói distinto. Vestido de verde e amarelo surgia Dom Pedro I em seu cavalo alvo para ser cultuado e admirado como referência nacional. Então, a Ditadura Militar (1964-1985) tinha o personagem perfeito para reger a importância de existir patronos e defensores do país. Nos desfiles de independência faziam questão de mostrar a imponência de armas e combatentes para a sociedade. Somos motivados a este compromisso cívico até os dias atuais.

Todavia, muitos historiadores apontam evidências de uma farsa histórica. Claro que não pretendem retirar o mérito heroico do primeiro imperador do Brasil. Assinalam indícios de um herói mais humanizado, menos mítico ou perfeito: um herói sem caráter. Dom Pedro I, a exemplo do personagem Macunaíma imortalizado pelo escritor Mario de Andrade, era um homem de atitudes duvidosas. Gostava de fazer farras e tinha diversas amantes espalhadas pelo império sendo a mais formosa Domitila, a Marquesa de Santos. 

Não foram poucas as vezes que o “bon vivant” perdeu compromissos importantes por motivos fúteis.  Briguento e egocêntrico há indícios de que tenha perseguido vários inimigos políticos e armado emboscadas. Especula-se que tenha contraído inúmeras doenças sexualmente transmissíveis e tenha espalhado os genes em incontáveis filhos bastardos. Além de  ser o principal suspeito na morte  da esposa Dona Leopoldina.

Referente ao evento que o consagrou, a independência não era tão almejada pelos brasileiros.  A fuga da família real portuguesa para o Brasil, motivada pela invasão francesa, transformou a colônia em capital do reino (1808). Após o retorno do rei D. João VI para as terras lusitanas (1821), havia uma comoção para manter os laços e proximidade com a Europa. Era de comum acordo que isso fortalecia, gerava empregos e benefícios. 


Contudo, os parlamentares portugueses não eram favoráveis à alusão de um império Luso-brasileiro. Queriam diminuir a importância do país irmão para mantê-lo como colônia. Exigiram que o príncipe Pedro voltasse para Portugal e demitisse os brasileiros que ocupavam cargos administrativos nas tribunas. 

Só assim os funcionários públicos aderiram à onda nacionalista para garantir os cargos. A pressão foi grande e fez D Pedro assegurar a permanência no país. O “Dia do Fico” é considerada a rachadura inicial que se culminaria com a “Independência ou Morte”.

As especulações e teorias sobre o acontecimento são muito questionadas e comentadas pelos historiadores.  Segundo o professor  Olinuap Onabra Muhammed, “a independência é uma farsa, uma mentira que as elites conseguiram passar para a população como verdadeira”. Pensando assim, ele garante que não existiu algo participativo na famosa cena imortalizada na pintura de Pedro Américo. 


“Não houve derramamento de sangue, não houve uma revolução nem uma guerra, não houve combate”, afirma Muhammed. “Tudo não passou de um jogo político entre as elites compostas de proprietários rurais e comerciantes que vinham pressionando D. Pedro para que fizesse ele sozinho mais uma minoria a Independência do Brasil”.

Os indícios são grandes de uma manipulação somada a articulação  e influência exercida por José Bonifácio sobre o príncipe. Tanto que após o acontecido, o imperador tratou de demitir o conselheiro. Também abdicou ao trono brasileiro ao retornar a Portugal para assumir o posto de rei na Europa. 

Inúmeras teorias e suposições indagam que o grande homem da independência era um ser humano frágil. Considerado volúvel, mulherengo, bêbado, corrompido, influenciável e manipulador. Não era tanto para o bem assim como não pode ser apenas mal. Era apenas um ser humano normal. E por destrincharmos mais dessa personalidade podemos concluir que ainda seja um herói, mesmo sem caráter.

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