quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O DESPERTAR NO ESPAÇO



Dirigido por Morten Tyldum e roteirizado por Jon Spaihts, o filme Passageiros (2016) conta a saga de uma nave que transporta 5 mil terráqueos hibernados para outro planeta. O trajeto duraria 120 anos, só que no meio do caminho um imprevisto acorda o mecânico Jim. Ele se sente sozinho e tenta adaptar-se a nova vida até esbarrar na capsula da escritora Aurora por quem se apaixona. Após um breve conflito interno de moral e ética, decide despertar a moça para que lhe faça companhia.

Passageiros, apesar da tímida passagem pelos cinemas comparado com outros blockbusters, não pode ser considerado um fracasso de público. Custou U$ 110 milhões e arrecadou aproximadamente U$ 300 milhões ao redor do mundo. Mesmo não sendo considerado um grande fenômeno de bilheteria, também não deu prejuízo para a produtora. É um filme que se pagou e deu um pequeno lucro.


Durante a sua exibição o que mais impressionou foi tantas análises negativas. A película não teve uma boa recepção dos críticos especializados. Entres os comentários mais ácidos estão as falhas no roteiro que apontam a falta de profundidade e inexistência de explicações plausíveis para o pano de fundo espacial. Segundo o crítico Stephen Holden do jornal norte-americano New York Times: ““Passageiros” sucumbe cada vez mais para a timidez e começa até se tornar uma aventura de ficção científica muito vazia cuja ousadia e técnica parece ser de segunda mão.” Outros críticos também citam a enfatize dada ao machismo. Consideram inconveniente um homem impor as próprias vontades em cima da mulher tirando-lhe o direito de estar viva ao chegar no destino final. Há até incitação a síndrome de Estocolmo pela mocinha se apaixonar pelo próprio algoz. 

Tudo bem que os críticos levantam observações técnicas e apuradas. Baseiam-se em estudos e comparação com outros filmes e a realidade. Ao todo não estão erradas, entretanto, não levam em conta ser um produto mais voltado ao público teen. Tanto que a escolha dos atores para o par romântico é prova disso. O herói (ou anti-herói como preferir) Jim é interpretado por Chris Pratt que também deu vida ao Senhor das Estrelas nos filmes de Os Guardiões das Galáxias 1 e 2. Enquanto a mocinha Aurora é ninguém menos que Jennifer Lawrence famosa por dar vida a protagonista da saga dos Jogos Vorazes. Além da participação de Laurence Fishburne consagrado pela trilogia Matrix e outros filmes de ação.



Mesmo tendo sido vendido como uma superprodução espacial (vide trailers e materiais de divulgação), era de se esperar que não teria um aprofundamento maior desse universo. Trata-se de um melodrama sem grandes transformações narrativas. A história é linear e segue uma proposta simples e de fácil entendimento. Poucos personagens e rasos conflitos. Eles não sofrem evoluções ao desenrolar dos 120 minutos de trama. Talvez por uma opção dos produtores, siga a filosofia de que nem todo o filme precisa ficar criando pensamentos abstratos e complicando a vida do telespectador. 

É certo que nem a falta de complexidade faz o longa metragem perder as próprias qualidades. Há um pequeno enfoque na questão ambiental quando o mecânico sente a necessidade de plantar uma árvore quase destruindo a nave. Também a citação da constante revolução tecnológica do mundo touth scren e high tech. Nada tão inovador que já não tenha sido mostrado antes. Talvez até mesmo porque a busca pela sobrevivência do ser humano no espaço é um assunto tão decorrente no cinema que já existe todo um conceito criado na mente do telespectador. Principalmente do público geek.



Além desse mundo Star Wars, Star Trek e companhia, consegue-se identificar muitas influencias de outras tramas. A grande nave se chama Avalon e o nome do robô-garçom é Arthur (Michael Sheen) fazendo uma homenagem ao mundo medieval. Outra referência clara é que se trata de uma livre adaptação do clássico A Bela Adormecida. Afinal de contas, a ideia central é que o príncipe acorda a princesa. Até mesmo o nome da personagem Aurora identifica isso. 

Na minha opinião, o filme é um romancezinho bom com pitadas de todo o resto tentando agradar diversas tribos. Existem cenas atrativas, cores e efeitos interessantes além do apelo romântico com envolvimento do casal protagonista. Por isso, é certo falar que não é uma obra tão descartável quanto pintam. Claro que a opinião pode variar. Cada pessoa que assistir tirará as suas conclusões. Às vezes, poderá achar que tudo está tão mastigado e água com açúcar que mais se parece com um dramalhão mexicano. Ou achar que a opinião da crítica está equivocada mediante a grande exigência dos julgamentos. Portanto, apesar de não descartar, considero que precisa ser visto para cada um criar as próprias certezas. 


Um comentário:

  1. O filme foi impressionante, uma história bem criativa! Nos colocamos na pele de ambos os personagens para que perguntamos, o que eu faria nessa situação?

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