Conto do maior escritor brasileiro
reflete assuntos presentes na sociedade
Machado
de Assis (1829-1908) destaca-se entre os maiores escritores da língua
portuguesa. Quiçá pode ser considerado como um dos maiores do mundo. Mesmo com
tantos predicados, vez ou outra, surge alguém falando a besteira de que o autor
de Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas não deveria ser estudado na
escola. Isso acaba sendo uma ideia absurda. O que tem de ser repensando é a
forma de abordar as leituras em geral, pois o ler não deve ser remetido ao conceito
de provas.
Mas,
isso não vem ao caso, de alienação para alienação, foquemos no texto “O
Alienista”. Esse conto, escrito há mais de 100 anos, acaba sendo atual. Faz com
que se pense nas questões que envolvem a alienação e a loucura na sociedade
contemporânea. Nele, o célebre autor nos apresenta o personagem Dr. Simão
Bacamarte, que decide construir um hospício na cidade de Itaguaí.
Com
a criação da Casa Verde, Dr. Bacamarte almeja curar a insanidade social e se
aprofundar nas pesquisas clínicas sobre as doenças da mente. Só que a obsessão pela
ciência o deixa cego. Qualquer ato era passível de internação, como a vontade
de prosperar na vida entre outras discordâncias. Ninguém era perdoado, desde
desconhecidos aos amigos e familiares. Todos estavam loucos, menos ele, quem a
narrativa vai nos mostrando ser o pior dos insanos.
Sem
dúvidas, em tempos de egos inflados, vivemos algo bem semelhante. Hoje, parece
cada vez mais difícil que pessoas com visões distintas dialoguem de forma
saudável. O ódio é demonstrado devido questões religiosas, times de futebol,
visões políticas e inúmeros motivos. Tudo é razão para um apontar o dedo ao
outro, disferindo ofensas, e, se pudessem até mandar internar. Onde vamos parar
com tudo isso? Não sabemos. Contudo, é bem interessante ler o desfecho que
Machado de Assis dá ao conto “O Alienista”, e, repensar alguns atos sociais.
Seríamos descendentes diretos do Dr. Simão Bacamarte?
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