sexta-feira, 5 de novembro de 2010

AS VÁRIAS FACES DA VERDADE!


O filme Nothing But The Truth (2008), que em português foi batizado de Faces da verdade, inspira-se na história verídica da jornalista norte-americana Judith Miller. Jornalista de investigação do New York Times, ela foi presa em 2005 por proteger a identidade de uma fonte. Miller, com base no código de regras dos jornalistas, recusou-se a revelar o informante secreto diante do tribunal e por isso foi humilhada e acusada de traição à pátria, Estados Unidos da América(EUA).



No filme, Rachel Armstrong (Kate Beckinsale), uma jornalista similar, escreve a notícia que expõe a verdadeira identidade de uma agente da CIA (Central Intelligence Agency), Erica Van Doren (Vera Farmiga). A notícia ganha grande repercussão porque a agente viveu infiltrada em um país inimigo (Venezuela) e escreveu um dossiê que apontou um erro dos governantes ao bombardear aquela nação. As autoridades, representadas pelo policial (inquisidor) Patton Dubois (Matt Dillon), exigem a identidade do informante, mas Armstrong está determinada a guardar o sigilo profissional. Ela é presa e perde tudo o que mais ama na vida.

O filme trata com dramatismo a questão da liberdade da imprensa. “O jornalismo deixa de ser um cavalo branco para se tornar o dragão do mal”. A fala do advogado de defesa resume a real situação da profissão num mundo onde a informação é banalizada. O final surpreende e aprofunda a discussão entre ética e moral jornalística. Há a desconstrução da tensão inicial e jornalista deixa de ser a heroína (protetora) para se transformar na antagonista perversa, capaz de se aproveitar de uma a criança inocente. Então, nos questionamos se ela protegia a fonte ou se protegia moralmente?

Em minha opinião, a jornalista do filme não agiu errado. Eu acredito que a publicação da notícia foi com o intuito de algo maior. Ela denunciou o erro do governo em uma ação extrema de retaliação, sem averiguar uma informação importante (dossiê) da tal agente. Talvez, entre os mais puristas, haverá quem a julgue um monstro por ter usado informações de uma criança. Então, introduzem uma enorme filosofia a respeito da moral e ética. Mas, convenhamos, a ética é individual e a moral é o que determinado grupo pensa sobre as ações de alguém. 

Se lembrarmos do caso Isabelle, 5 anos, jogada pelo pai e a madrasta do sexto andar de um prédio (conforme julgamento). A mídia expôs sem pudores e como bem quis a imagem da menina. Enquanto o caso estava na moda, a cada novo dia, assistíamos os ângulos possíveis e impossíveis. Será que tudo foi em nome de manter a população informada ou apenas a exploração da miséria humana em nome de audiência?
Na verdade, é muito mais fácil julgar e ser o sensor de veto e reprovações, do que nos limitarmos a nossa pregação do politicamente correto. Todavia, se procurarmos um pouco, encontraremos inúmeros absurdos cometidos (sem sentido) pela mídia. Não condeno a personagem por ter se baseado na oralidade de uma menina. Afinal, a criança não foi exposta. Ela apenas acreditou na informação e usou-a como base da investigação. Se almejava promoção ou não? Não me aprofundo na questão. Será que agiríamos diferente se estivéssemos na situação dela?

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