quarta-feira, 12 de junho de 2013

A BUSCA


Muitas vezes buscamos coisas, situações, pessoas e tudo mais, sem darmos conta que a busca maior é dentro de nós. Precisamos buscar um conforto e um sossego para nosso ânimos mais afoitos, até para não sermos devorados por essa sensação de que sempre falta algo. Não que não seja bom querer ir além e ter em mente a ideia de melhorar. O poema abaixo é uma alegoria sobre essa busca insaciável.


EM BUSCA DA LUZ 

No princípio, ele era um anjo arteiro e bonito,
No seu sorriso cintilava o brilho do infinito,
Imponente com asas grandes e fortes,
Quando voava, não temia nem a morte.

Ele não resistia ao prazer de voar e ter a imensidão,
Foi assim que foi consumido pela escuridão.
Quanto mais alto, mais superior se sentia,
Sem perceber o vírus intergaláctico que lhe consumia.

Então, caiu da estrela mais distante,

Incrédulo e sem acreditar, se viu mutante.
Perdeu-se num mundo que não podia parar,
Paralisado enquanto todos seguiam sem lhe notar.

Quando conheceu a luz da salvação, apenas queria voar,

E na liberdade do vento, suspirar e gozar.
Mas não tinha mais asas e nem a mesma beleza,
Tudo era uma grande incerteza.

O seu grande segredo teve que esconder,

Até teve chances, mas calou-se antes de dizer,
Enquanto o outro foi um verdadeiro anjo sem asas,
Estendeu lhe a mão e abriu as portas de casa.

Ele estava fraco e se apegou sem calcular os danos, 

Ao poucos, foi se apaixonando por aquele ser humano,
Era bombardeado pela aquela atenção especial,
Sentia-se tão bem, tão vivo e tão normal.

Amou sem razão, conectivos ou nexos,

Um amor de anjo sem interesse ou sexo.
Junto, sentia-se protegido e guardado,
Novamente voava em seu egoísmo velado.

Tudo ia bem até surgir um EXpectro (SIC) aterrorizante,

Com muita inveja, ameaças e o inferno de Dante.
Sem os poderes era apenas um ser indefeso,
Viu o amor dizer adeus sem um último beijo.

Jogou suas orações ao vento e ao mar,

Então, as ondas até tentaram lhes reaproximar,
Mas o toque não era o mesmo de antes,
O terceiro elemento trazia o medo asfixiante.

Farto, o anjo caído excluiu lhe de sua vida,

Sem saber o quanto as noites seriam sofridas.
Além das asas rasgadas, tinha o coração sangrando,
Tentava ser firme, forte e permanecer andando.

Porém, há coisas que só sabemos quando estamos sós,

Quando aquela angustia parece dar um nó,
É quando os pulsos parecem tão vulneráveis ao corte,
Mas ainda assim, é melhor rumar para o norte.

Ele segue crente: um dia tudo irá passar,

Em busca da luz, mesmo que nunca mais possa voar,
Sabe que sentimento se extinguirá por não ser cultivado,
E ao fim, só um desejo: seja feliz com o seu namorado.

CIDO PISANI

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