domingo, 28 de setembro de 2014

O PRECONCEITO SURGE DE ONDE MENOS SE ESPERA.


O preconceito surge quando uma etnia ou um grupo se sente superior aos outros e impõe-se como superior ao subjugar os demais. Apesar da grande diversidade étnica que consiste na formação da população brasileira, não conseguimos avançar rumo a extinção do preconceito. Prova disso é que constantemente casos expostos na mídia. Num jogo de futebol entre o Grêmio e o Santos pelo campeonato brasileiro, a torcida gremista proferiu insultos ao goleiro santista Aranha.


Nas cenas que vemos no vídeo, aparecem claramente vários negros imitando ou chamando o goleiro rival de Macaco. A intenção era desconcentrá-lo no jogo para que o Grêmio conseguisse recuperar-se em jogo e ganhar. Injustificável, mas aderido por boa parte da torcida, o ato revoltou o goleiro que pedia punição e retração. O estandarte da situação foi quando a câmera flagra uma garota branca gritando o insulto aos quatro ventos. A imagem não tem som, porém percebe-se claramente pela leitura labial o que ela diz: “Macaco”.

Então, com a discussão do preconceito racial nos gramados em foco, a mídia e diversos debates televisivos caíram matando em cima da garota. Apesar de não ser a única a proferir os insultos, ela já havia sido marcada. Não iniciaram campanhas para punir ou castigar os negros que ofendiam a própria etnia. Independente de se discordar da infantilidade da garota e de outros torcedores, também acredito que a mídia incitou e transformou a menina em carrasco.

Desde que as imagens foram divulgadas e repetidamente reprisadas, ela era a culpada por todo preconceito racial que existe no Brasil. Pouco importava se a origem de tudo era na falta de políticas sociais que assolam o país desde a libertação dos escravos. Então, uma sociedade mascarada que nunca animalizou ninguém chamando de macaco, veado, elefante, galinha, camarão... busca justiça na injustiça. 

Esta sociedade começa a perseguição armada pelo politicamente correto. Uma sociedade tão pudica e honrada que apedreja a casa da moça, taca fogo, ameaça de agressões sexuais e morte. Claro que é injustificável qualquer ofensa e preconceito. Mas vivemos numa sociedade machista, homofóbica,  extremamente preconceituosa e sem caráter.

Assim, vamos pegar as tochas e as foices e correr atrás da bruxa má enquanto cada um esconde a própria  perversidade. Como disse Jesus: armem-se e atire as pedras quem não tem pecado. Ou seja, podem ir todos para o céu porque ninguém se encontra errado numa situação cheia de erros. Chegou a hora acordar para a vida. Cobrar direitos e respeito sem massacrar, condenar ou tirar direitos e respeitos alheios. 

Torna-se justo uma punição e a desclassificação do Grêmio do campeonato. Espera-se que todos tenham aprendido a lição. Não que a garota mereça a redenção por ser mulher, branca ou fraca.  Todavia, não pode ser condenada por tudo e ser classificada como o monstro do episódio. O preconceito é algo cultural e social que deve ser destruído nas bases. O fato da garota aparecer em público para se retratar é bem mais honrado do que aqueles que se esconderam na multidão e, com certeza, podem ser os mesmo que jogam as pedras.

Ao goleiro Aranha resta o alerta para que não haja a inversão de papéis. A vítima que foi subjugada em campo poderia ter a honra de perdoar de coração e pedir para que não perseguissem a moça. Mas para ele tanto faz. Conforme criticado nas redes sociais, enquanto volta para a mansão em seu carro importando, pouco importa que uma pessoa seja perseguida e alvo de punições barbaras. Com certezas muitos dos jogadores precisam aprender um pouco com Pelé na humildade e carisma que o transformaram em rei do futebol.

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