Aos 27 anos, Daiane – nome fictício – mora sozinha e para pagar as contas trabalha em duas clinicas. Quem lhe vê trabalhando na recepção, ou sentada próximo a Praça da Igreja da do bairro Redentora, não consegue notar nada de diferente. Talvez porque ela seja uma mulher normal e bem profissional. Bonita e responsável, se comunica bem e procura ser gentil com todo mundo.
Daiane não comenta o passado, mas não por vergonha do que fez. Teme que as pessoas não entendam. O grande temor é o preconceito atrapalhar a construção de um futuro melhor. Para ela, querendo ou não, as pessoas tornam-se receosas quando descobrem a sua história.
Ela começou a se prostituir movida pela curiosidade. Não é hipócrita de dizer que o dinheiro não importa. Porém, duvida que alguém se prostitua apenas pela necessidade. “Eu senti vontade de ser a puta na cama... Era uma fantasia e ainda cobrei por isso”, confessa. “Acabei gostando e é um dinheiro fácil”. Então, dedicou três anos da vida cobrando por sexo.
SELETIVA
Ter uma clientela fixa permitia que Daiane fosse mais exigente. Não evitava clientes novos, mas também não andava desesperada a ponto de topar com qualquer pessoa. Segundo ela, as mulheres estão sujeitas a tudo quando se prostituem. Entretanto, ela tinha consciência dos limites do corpo e alta estima. “Eu não era refém disso. Não era obrigada a fazer qualquer coisa pelo dinheiro”, afirma ela.
Ela teve experiências com clientes dispostos a pagar muito por um programa. “Tinha os bonitos e ricos que eram simples e carinhosos... Outros, por terem posse, beiravam a ignorância por se acharem importantes demais”. Houve casos de o sexo acontecer como algo automático e sempre se sentia mal depois. “Tem pessoas que te irritam tanto que você pega o dinheiro e quer ir para nunca mais ver”, diz.
Segundo Daiane, o pior é quando o homem quer sair para fazer sexo sem as mínimas condições de higiene. “Já encontrei clientes porcos... Gente que parecia não tomar banho e chegava a feder”, confessa. Discreta, ela considera desagradável cancelar o programa por algo assim. Entretanto, inventava alguma desculpa para não fazer. “Se eu não fosse com a cara da pessoa eu dava meia volta e ia embora”.
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