segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

SELVAGENS AO EXTREMO


Há um ditado que diz "cada ação gera uma reação". Baseado nisso o filme Relatos Selvagens (2014) mostra reações que são imprevisíveis. Na película Argentina dirigida por Damián Szifron somos apresentados a seis histórias com muitas surpresas envolvendo vinganças. Acaba sendo um impactante e ao mesmo tempo envolvente. Tanto que abocanhou 44 prêmios ao redor do mundo e foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. 

Algumas das histórias expostas são bem estarrecedoras. Um personagem promove o sequestro de um avião para vingar-se de todos que fizeram mal durante a vida. Assim como uma briga de trânsito que leva à morte dos dois envolvidos. Além da reação maquiavélica de uma angelical noiva ao descobrir que a amante do noivo está em seu casamento. Ou ainda, um homem que se revolta explosivamente contra a indústria das multas. 


A primeira vista alguns casos parecem impossíveis de acontecer. Contudo, os noticiários nos revelam que a selvageria humana é mais normal do que possamos acreditar. O ser humano como qualquer outro animal, às vezes, liga o botão de Instinto Selvagem e acaba cometendo atrocidades por motivos banais, irrelevantes e  injustificáveis.

A vida cotidiana está cheia desses relatos. Recorda o caso do atirador em Las Vegas? Um homem normal acima de qualquer suspeita que desenvolve todo um plano de matar pessoas. Resumindo o ocorrido: ele compra armas potentes e hospeda-se no alto de um hotel luxuoso para atirar em outro seres da mesma espécie que curtiam um show próximo. Que motivos teria para ter tanta raiva deste mundo e de outros humanos? Supostamente as razões inexplicáveis aos olhos da maioria, certamente para ele eram motivos fortes. Depressão, infelicidade, estresse ou o que fosse foi suficiente para fazê-lo cometer uma barbárie.


Nem precisamos ir muito longe para ver um pouco do mesmo. Quantas vezes nós fomos surpreendidos por casos terríveis aqui mesmo no Brasil? Como não se lembrar do funcionário da escola infantil que ateou fogo em uma sala de aula matando dezenas de crianças pequenas em Minas Gerais? Ou aquele caso de Goiás que um aluno levou a arma da mãe policial para vingar-se de bullying e acabou matando dois meninos e deixando uma garota paraplégica? 

Até numa pacata cidade do interior como São José do Rio Preto também podemos ver coisas absurdas que chamam a nossa atenção. Como esquecer que o menino de 13 anos mata a tiros um rapaz de 22 anos por causa de uma pipa? Algo tão insignificante pode valer a vida de alguém? Claro que não. Mas, convenhamos, esse posicionamento é de alguém fora da situação. Alistar em jogo muito mais que isso. Vemos o duelo de dois animais machos pelo próprio território. Qual outra explicação não animalesca poderia ter? 


Sem mencionar, os inúmeros casos de violência urbana que englobam as grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro? Histórias abomináveis envolvendo famílias e gente que se comporta de maneira inquestionável. Mesmo assim, capazes de, numa hora de fúria, serem tal qual uma fera abominável. Parece irreal? Poderia ser filme? Apenas entram para estatísticas! São recortes do mundo caótico em que vivemos!

Diante disso podemos concluir que o filme Relatos Selvagens não é uma obra qualquer. Trata-se de uma reflexão e retrato da Realidade Atual do mundo. Ninguém tem mais paciência eu respeito com nada e ninguém. Até mesmo aqueles que se dizem injustiçados são capazes cometer injustiças. 


Talvez os trâmites do cotidiano e vida moderna aborreçam o animal homem a ponto de transformá-lo em Predador faminto por sangue ou Revanche. As engrenagens burocráticas e estressantes da vida social tentam amordaçar e prender esse instinto feroz. Normalmente contribuem ainda mais para tanta irracionalidade. 

Como podemos ver, o viver no mundo atual só acaba transformando o homem em algo mais raivoso e intolerante. A cordialidade e compreensão acaba se tornando literatura ou ficção na maioria dos casos. Quantos novos relatos selvagens vamos presenciar ou vivenciar? Será sinal do final dos tempos? Que fim teremos? Viveremos nos digladiando até que exista apenas um ser sobrevivente? 


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