domingo, 3 de outubro de 2010

A CULTURA RIO-PRETENSE DE CADA DIA!



Os rio-pretenses são os resultados de várias influências, hábitos e culturas

A maior cidade do Noroeste Paulista, São José do Rio Preto, concentra uma vasta diversidade cultural. Entre os 419.632 rio-pretenses há várias tribos, com as mais diferentes opiniões e tendências de comportamento. Atualmente, a cidade interiorana é um mosaico de gêneros somadas as raízes caipiras.

Aos 22 anos, Priscila Daniela Sadoco, auxiliar de escritório, é uma rio-pretense que desde pequena se habituou a ouvir as músicas regionais no rádio dos avós. “Com certeza, se não fosse a música raiz, que sempre predominou, não existiria o sertanejo”, diz ela. Durante alguns anos, ela namorou um cantor e foi quando ela começou a frequentar mais os rodeios.


Ela gosta de ver os shows e as montarias nas festas de peão. Certa vez, passou por debaixo do brete e tentou chegar até o camarim do cantor Daniel. Então, “cai dentro de um buraco com lama e me sujei toda”, diz ela, “sai do buraco e mesmo assim consegui chegar até o camarim, mas ele já estava dentro da van para deixar o evento”.


Priscila acredita que as “quartanejas”, “quintanejas” e “sextanjas” sejam uma boa oportunidade de disseminação da cultura regional. “É um evento em que rola sempre os shows ao vivo com duplas e muito beijo na boca, já que o sertanejo universitário é mais romântico”, diz ela. Nesses eventos a cultura se propaga e ganha cada vez mais fôlego entre os jovens. “É uma oportunidade para que todos conheçam o estilo sertanejo e acabar com esse preconceito, que só o caipira que gosta”, diz.


BALADAS

Conhecido como Dj (Disc Jockey) Luid, Luiz Corrado Filho, 25 anos, diariamente registra o ponto como analista de TI (Tecnologia da Informação). O trabalho de Dj faz ele ter contato direto com as baladas de Rio Preto e região. “Música é cultura, o trabalho de um dj de criar uma ambientação por meio da música é uma arte mesmo que não valorizada”, diz Luid, “acreditam que é somente ir lá e apertar o PLAY”.


Ele considera que Rio Preto já foi um pólo cultural nas décadas de 80 e 90. Na sua opinião, a cidade servia de palco para grandes shows. Mas atualmente tem dificuldade de encontrar uma boa opção cultural. “É difícil sair para dançar, ver bom filme, já que aqui só passam os mais pops”, diz ele.

HIP HOP

Alex José Gomes Eduardo, 28 anos, dançarino há 15 anos, é conhecido no Hip Hop como B-boy Pelezinho. Teve uma infância humilde e quis ser jogador de futebol, mas foi por meio da dança que conseguiu superar as dificuldades. “ Optei em seguir o caminho correto”. Ele é fundador do grupo de breakdance Tsunami All Star que é bicampeão no mundial da categoria. “Procuro sempre dar o melhor de mim, para conseguir ir cada vez mais além de meus limites”, ele conta.


As vitórias lhe deram destaque internacional e nacional. Há 1 ano teve sua trajetória divulgada na Revista Época. Para ele, foi uma experiência gratificante representar o Brasil. “É legal ver os “gringos” querendo aprender capoeira para tentar ficar um pouco parecido com a gente na dança e na ginga”. 


Entretanto, fora do país o dançarino de Hip Hop é mais valorizado. Pelezinho acredita que o segmento sofre preconceito por representar a classe baixa. Considera que a arte pode mudar a vida dos jovens marginalizados e, durante um período trabalhou a socialização por meio da dança na extinta FEBEM (Função Estadual do Bem Estar do Menor). “Tentava o tempo todo mostrar aos meus alunos as coisas ruins e fáceis que a RUA lhes oferecia, mas também mostrava o caminho tão diferente que cada um poderia ter tomado”, diz.


TEATRO 

O ator e estudante de jornalismo, Franklin Catan, 23 anos, acredita que cultura é buscar conhecimento nos costumes passados. “Se estamos aqui hoje, quer dizer que existiu um caminho e este caminho deve ser explorado”, diz ele. Ele começou a fazer teatro porque era muito tímido e queria ter desenvoltura para ser modelo fotográfico. Porém, não cresceu o suficiente para exercer a profissão, então, descartou a idéia das passarelas e tomou gosto pelos palcos. 


Ele considera todos os personagens que interpretou como marcantes: “Sempre tenho algo dele ou ele tem algo de mim”, diz. Porém, lembra de um com um carinho especial : “a minha primeira peça foi emocionante e nunca me esquecerei". Estreou no teatro substituindo o ator Antônio Firmino e no final foi parabenizado pelo o ator. “Fiquei emocionado, pois ele já era consagrado.”

CINEMA

Madalena Ramalho, 32 anos, graduada em letras, acredita que o cinema é a possibilidade de “descontrair e ampliar os seus conhecimentos”. Ela considera o cinema como “um meio de adquirirmos cultura, relaxar e refletir”. Atualmente administra seu tempo livre nos estudos para concursos públicos e não tem muito tempo para ir com frequência ao cinema, mas diz que gostaria de ir pelo menos uma vez por semana.


No seu TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) em 2007, Madalena abordou o cinema. Ela escreveu a respeito da similaridade entre os filmes “Fantasma da Ópera” e “V de Vingança”. “Nos dois filmes, os personagens principais são deformados, usam mascaras, deixam sempre uma rosa vermelha e se vingam das pessoas”, analisa ela. “Nós também usamos máscaras muitas vezes para esconder muitos sentimentos, então, podemos fazer varias relações entre nossa vida e os filmes”, conclui.


Madalena compara o apagar das luzes do cinema com o retorno do telespectador para o útero da mãe. “Na projeção sugamos alimento, conforto, carinho, entre outras coisas sem nos preocuparmos com nada. O tema que estamos vendo pode nos realizar ou não, pois nos identificamos com alguns dos personagens. Quando as luzes acendem temos um choque, voltamos a realidade de nossas vidas”, diz.



O operador de loja, Eduardo Henrique da Silva Almeida, 28 anos, também é um amante de cinema. "Me sinto vivo ao ver naquela imensa tela meu filme preferido”, diz ele. “Sinto-me inserido naquele universo... O enredo, a história, estar conectado a ele, tudo é como se fosse minha vida”. 

Ele se diz preso ao filme do começo ao fim, “não há outros seres ao meu lado, basta que comece a passar o filme, pronto, já não existe outro mundo, a não ser aquele”. Enquanto o filme se desenvolve, seus olhos estão bem atentos e “fisgados”. Acompanha cada detalhe como se fosse sua própria vida. “Pena que acaba. Tem vezes que fico feliz. Mas há vezes que fico triste”, diz ele. “Incrivelmente, toda vez que vou ao cinema o mesmo frio na barriga acontece”, complementa.

CULTURA (do latim, colere, significa cultivar, preservar)

A professora universitária e gerente de eventos, Rúbia Medeiros Figueiredo, 29 anos, acredita que cultura é o acúmulo de informações associado ao domínio de conceitos. Ela considera que a abordagem sobre cultura “transita nos conceitos de cultura popular (conhecimentos adquiridos nos meios em que estamos inseridos) e cultura de massa (industrialização de todas as culturas por meio da mídia)”.


Rúbia tem contato com várias culturas e segmentos da sociedade rio-pretense por organizar eventos e ministrar disciplinas para alunos de Comunicação Social (Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Relações Públicas) na Unilago. Para ela, o fato de estarmos localizados numa região importante, “onde foi rota do café e da cana-de-açúcar, ligação do sul com o centro-oeste”, recebemos a influência de diversos povos.


 
Jornal Lado B

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