sábado, 11 de novembro de 2017

CASO WAACK



Na faculdade de comunicação social com habilitação em jornalismo aprendemos muito sobre ética. Praticamente durante os quatro anos de formação são incontáveis os debates e palestras sobre a responsabilidade do ser jornalista. Como comunicólogo em geral, além de ser uma pessoa exposta, precisa entender que tem o poder de arrebatar multidões. Até porque pode ter em sua palavra uma verdade para muitos.


Por isso, é lastimável que um jornalista tão graduado e qualificado como William Waack cometa uma falha tão grave envolvendo racismo. Ainda mais por ter espaço no maior veículo de comunicação do Brasil, ou quiçá do mundo! Então, deveria ter a mente menos trancada nos próprios preconceitos ou pensar bem antes de balbuciar injúrias raciais.

Resumindo a história, foi propagado um vídeo pelas redes sociais em que jornalista expõe um pensamento retrógrado. O fato ocorreu aproximadamente um ano atrás. Nem por isso torna o tema obsoleto. Muito pelo contrário. Ainda está presente nos dias atuais e, com certeza, estará durante muito tempo envergonhando nossa sociedade.


O vídeo trata-se de uma gravação em que Waack se prepara para entrar no ar com Jornal da Globo direto da Casa Branca em Washington. Ele estava cobrindo as eleições norte-americanas de 2016. De repente, ouve-se um barulho de buzinas ao fundo como se um carro surgisse fazendo algazarra. Diante da situação inoportuna, ele  teria soltado um infeliz comentário. "Não vou nem falar, porque eu sei quem é... é preto. É coisa de preto!"

Após a divulgação do vídeo, imediatamente o jornalista recebeu uma enxurrada de críticas de vários setores da sociedade inclusive de artistas. Tanto que até emissora teve que se posicionar. "A Globo é visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações. Nenhuma circunstância pode servir de atenuante. Diante disso, a Globo está afastando o apresentador William Waack de suas funções em decorrência do vídeo que passou hoje a circular na internet, até que a situação esteja esclarecida."

Claro que Waack, assim como outros homens brancos e de posição social confortável, é fruto de um Brasil construído por escravos negros e índios que durante séculos foram explorados e ultrajados tornando esta ideia irreal uma  naturalidade. Contudo, manter este pensamento hoje em dia além arcaico é crime. É lamentável que um Jornalista tenha a mente tão disforme da realidade atual enquanto o mundo luta por igualdade.

Apesar da refutável situação, é imprescindível a importância dessas cenas serem expostas para desmascarar o preconceito velado. Expõe não só pensamento desse jornalista em forma de piada maquiavélica (injustificável), como muito do que se ocupa em tantas mentes espalhadas pelo mundo. Sem dúvidas, promover a discussão do tema contribui com a conscientização para que haja mudanças de paradigmas. Desmistifica que pessoas em posições privilegiadas, estudo e nas mais altas patentes  não sejam capazes de atos e atitudes tão ridículas.


Culpado? Claro! Que sirva de exemplo para mostrar o quanto o preconceito está impregnado e ainda impõe a sociedade neste sistema de castas para diminuir o ser humano e condená-lo pela cor da pele. Todavia, não devemos pregar este homem na cruz ou forca para que não se torne um mártir da intolerância. 

Que converta-se diante dos seus próprios erros! Que sua graduada formação e invejada posição quebre a blasfêmia contra afrodescendentes. Servirá bem mais como força para lutar a favor de uma nova mentalidade geral. Assim, desejo que o episódio converta-se em lição para que aprenda mais sobre ética com a vida do que aprendeu nas aulas de jornalismo. Que perceba que leva-se anos de esforço e trabalho para construir uma imagem e segundos de idiotice para destruí-la.

Jamais existirá uma etnia inferior ou superior. Inferior somos todos quando esquecemos que a base de tudo é o respeito pelo próximo.

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