sexta-feira, 6 de junho de 2014

MORAL E ÉTICA ESTÃO MERGULHADAS NAS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS!



Numa cena do filme Crash no Limite (2005), a mulher diz ao marido que está com medo da aproximação de dois jovens negros. A circunstância chocante e preconceituosa incomoda o esposo e o telespectador. Porém, os dois jovens se sentindo discriminados resolvem assaltar o casal para fazerem a justiça e vingança pessoal. Assim, o filme retrata situações cotidianas discutindo os conceitos de moral e ética.

As questões que envolvem o significado de moral e ética são semelhantes, contudo, também distintas. A moral é determinada por uma concepção social sobre o individuo. Ou seja, a sociedade estabelece aquilo que é moral ou imoral. Enquanto a ética corresponde à escolha de ações por critérios e ideais individuais do sujeito perante o meio social.

A história de Chapeuzinho Vermelho é impregnada de um conceito social sobre como deve ser (ou não pode ser) o comportamento dos filhos.  A versão trágica da menina do capuz vermelho escrita pelo francês Charles Perraut contém implícita a orientação para as jovens não conversarem com estranhos (lobos). Análises e interpretações do texto afirmam que a história refere-se a orientações para moças (Chapeuzinhos) na puberdade se manterem castas.

O universo democrático é cercado de orientações à moral e bons costumes.  A sociedade define o que num momento é imoral e em outro período pode transformá-lo em moral (ou vice versa). Assim, a coletividade que estigmatizou e definiu a segregação em tribos (nível econômico, etnias, crenças, sexo, idade) pode sempre rever os conceitos.

Vivemos numa era em que a moral prega a inclusão e a aceitação das diferenças. Há uma campanha social para combater àquilo que faz as pessoas se sentirem diferentes e excluídas (piadas, livros, desenhos). Então, a moral prevalece fortalecida por leis e mecanismos desenvolvidos pelo poder legislativo (representantes eleitos pelo povo). As leis orientam as ações do poder judiciário que julga situações e preza pelo cumprimento das normas.


Nem sempre a moral parece ética e, muitas vezes, a ética é bem imoral. Se um lobo mau lhe parasse na rua para pedir informações, você ignoraria ou daria atenção? Quem garante que este é realmente o lobo mau? Quem garante que a pessoa suspeita ao se aproximar irá te assaltar? Quem pode julgar alguém por ter medo se vivemos num mundo em que a violência é constante?

Julgamos as pessoas por se corromper pelo poder, mas quantas vezes a visão individual da ética falou mais alto? Somos éticos pelo senso do justo ou na justiça particular de sobressair? Quantas vezes não queremos passar na frente ou usamos o próximo para nos sentirmos melhor? Cortar a fila, furar o sinal vermelho ou pular etapas não nos faz sentir privilegiados? Inventar desculpas e razões pode amenizar a nossa consciência ética, mas será que a ética nos torna seres mais morais ou imorais?


Um comentário:

  1. O que mais vemos em nossa sociedade é a falta de ética, aquela que rege os princípios da boa convivência, aquela que o indivíduo assume de forma integral sua responsabilidade perante suas atitudes, escolhas, decisões... até mesmo quando se omite, optando em não fazer nada, também entra aqui como uma escolha do cidadão. Acredito sim que a prática da ética, o seu exercício consciente influencia de forma positiva na construção moral do indivíduo, assimilando e entrando de acordo com a moral imposta na sociedade em que vivemos. A ética é pouco discutida em salas de aula, até mesmo no âmbito familiar, do qual é a base de tudo... Devemos sempre enaltecer a ética e seus valores, seja ela na singularidade de cada individuo, como no coletivo!

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